Até 7 de maio de 2009, povos das diferentes etnias estão reunidos no Hotel Fazenda Mato Grosso na I Conferência Estadual de Educação Indígena. “Por que queremos a escola? O que já conquistamos? O que fazer para avançar na educação escolar que queremos?“. Essas são algumas das questões a serem debatidas durante o evento.
A cerimônia de abertura, neste domingo (3 de maio) reuniu os delegados das diferentes etnias do Estado e autoridades federais e estaduais envolvidas com as políticas públicas de Educação Indígena. A importância do momento político foi reiterada pelos componentes da mesa. “É a oportunidade de discutir com maior profundidade temas já trabalhados na Educação Estadual”, destaca o Secretário de Educação Ságuas Moraes. Conforme o secretário, durante as discussões os povos consolidarão o que cada comunidade quer ensinar em suas aldeias e seus direitos efetivos.
Convidado emérito das discussões estaduais, o deputado federal Carlos Abicalil, integrante da frente parlamentar em defesa dos direitos indígenas, destacou os avanços conquistados ao logo dos anos pelos povos indígenas, em especial os de Mato Grosso. Citou entre as conquistas, o acesso a curso superior nas universidades públicas, iniciado há 12 anos, durante a Conferência Ameríndia no país. “O que for decidido aqui terá de nossa parte atenção adequada e decisão favorável”, disse.
A representante indígena na Comissão Nacional de Políticas Indigenistas e vice-presidente do Conselho de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso, Francisca Navantino Paresi, “a Chiquinha Paresi“, se emocionou ao destacar os avanços de Mato Grosso na construção de políticas públicas para a educação indígena. “Com a Conferência iremos legitimar as propostas apresentadas”, diz.
A abertura contou com a presença do presidente da Funai, Marcio Augusto Meira, que traçou a permanente e contínua do presidente Lula em ver garantido os direitos dos povos indígena. Meira destacou o esforço do aprendizado indígena, feito na língua materna e também na cultura branca, destacando ainda a importância da Conferência debater como fazer para que as crianças brancas também tenham os dois aprendizados. “Os adultos do futuro precisam entender a cultura desses povos”.
As discussões sobre a Educação Indígena são realizadas no território nacional até julho, quando os 18 Estados que participam do debate entregam as propostas a serem encaminhadas à Conferência Nacional, em setembro, em Brasília. O coordenador nacional das escolas indígenas do Ministério da Educação, Gersem Luciano Baniwa, presente no encontro, destacou a importância das discussões no momento que se comemora 20 anos das Leis de Diretrizes Básicas da Educação (LDB).
Baniwa destacou os eixos principais do debate, que contam com temas como organização da oferta, financiamento, melhor forma de atendimento, e o que se espera para as diretrizes da Educação Escolar Indígena.
Conhecer o idioma, a cultura e os conhecimentos do branco são fundamentais para a convivência entre os povos. Para a liderança do povo Mebemgôkre e administrador da Funai de Colíder, Megaron Txukarramãe, a importância da Conferência está em “preparar as crianças para conviverem no mundo dos não índios”.
A cerimônia de abertura da Conferência de Educação reuniu na mesa de autoridades, o vice-presidente da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Elias Renato Januário; a representante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a coordenadora do ProIndi/UFMT, Carmem Silva; representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais, Gonçalo de Assis Poquiviqui; o presidente do Conselho Estadual de Educação, Geraldo Grossi Júnior; e lideranças indígenas dos povos Mebemgokrê e Paresi.