Para refletir sobre essa data, publico trechos do artigo “Toaletes e Guilhotinas: a denúncia da crueldade com os animais por Ezio Flavio Bazzo” escrito pela Bióloga Ellen Augusta Valer de Freitas:
Ezio Flavio Bazzo é um escritor diferente, pois seus livros são encontrados na Internet, feitos de maneira quase artesanal e publicados de forma independente. Não há como traçar um estilo para suas obras, e deve ser esta a razão de não se tocar em seu nome nos centros literários. Cada livro é único, composto de mil estórias e confissões de viagens, mostrando de forma brilhante o ser humano da maneira como ele é. Uma biblioteca dentro de cada livro. Um acervo de milhares de notas de rodapé geniais.
Apesar de parecer triste à primeira leitura, ao se conhecer a obra do escritor, tem-se a idéia de uma forma bela de descrever a vida, reconhecendo a miséria humana e aceitando-a como parte do aprendizado, para quem tem a percepção da realidade.
Os livros são como uma espécie de literatura livre, onde não há compromisso com regras gramaticais, formalidades ou mesmo com o leitor. Há apenas a vontade de escrever. Portanto, aquele que leu apenas um livro de Ezio Flavio Bazzo não sabe o que são seus livros. E muita gente não continua a ler, pois vê a si próprio neles.
Pois o livro “Toaletes e Guilhotinas” fala de dois assuntos aparentemente divergentes, mas que têm muito em comum: a merda e a guilhotina. Além de um humor muito interessante, sobre a forma como lidamos com os excrementos, há a denúncia de que a humanidade possui em algum lugar de seus genes ou de sua psique um espírito sanguinário, que se empenha em construir mecanismos cada vez mais sofisticados para provocar o sofrimento alheio.
Sobre os animais, Bazzo escreve: “é desse fígado adulterado e canceroso que o patê (Foie Gras - em português: fígado gordo) da burguesia é feito. Oxalá lhe provoque pelo menos uma cirrose incurável ou uma Hepatite para vingar o martírio dos gansos. Quem visita uma dessas granjas fica impressionado com o desespero dos animais, que passam praticamente a vida toda sem sentir o gosto da comida. _ E os ecologistas? Perguntei-lhe. _ Não fazem nada. Pois o Foie Gras é para a França quase uma questão de Estado! O mesmo que o petróleo para os árabes e que o ópio para os birmaneses. A mim, esta pasta nojenta só revolta as tripas!”.
E o melhor de todos é o comentário sobre uma imagem de abatedouro de cavalos: “Mercado de Paris, 1900 - Abatedouro de cavalos”, que foi publicada no início deste texto.
Sem nenhum tipo de deboche, olhem atentamente para a boca, as narinas, as orelhas e o corpo inteiro do cavalo: ele emana mais (luz) e mais simpatia que todos os (matadores) que o distraem, que lhe tapam os olhos e que no momento seguinte arremessarão contra sua cabeça o golpe da marreta. Diante de uma dessas cenas, quem é que em sã consciência, consegue seguir confiando nos homens? Acreditando em suas leis? Dormindo a seu lado? Apesar de toda a demagogia humanista, não resta dúvidas de que os crimes cometidos nos abatedouros contra as aves, os porcos, as vacas e outros animais, é o mesmo que se comete sobre o cadafalso, nas cadeiras elétricas, nos postes e nos paredões contra os homens. A única aparente diferença está na racionalização que se desenvolveu sobre o assunto e na necessidade doentia e criminosa da humanidade em seguir massacrando as outras espécies”.
Os livros do escritor Ezio Flavio Bazzo podem ser encontrados no site: